"Um dos melhores romances brasileiros. O fato de não ter final está bem justificado tanto na história em si, quanto no prefácio e no posfácio.

Ler a Pedra do Reino é, a todo momento, revisitar Dom Quixote, de Cervantes. Não só esta obra magnífica, mas obras nacionais, de qualidade superior, como Os Sertões, de Euclides da Cunha, alguns livros do José de Alencar, Grande Setão: Veredas, do Guimarães Rosa, O Peregrino da América, do Nuno Marques Pereira e muito mais.

Dinis Quaderna é o retrato do brasileiro que não sabe, de fato, de onde veio, mas busca escorar-se em alguma coisa real ou imaginária para não se sentir perdido no mundo. Quem nunca ouviu história de família em que a avó conta que o tataravô "fulano de tal" era de África ou de Portugal, sem que nada exista para confirmar, salvo o peso de quem fala?

Quaderna, para driblar o conceito de ninguendade, cunhado por Darcy Ribeiro, cria sua própria história. É um tipo meio fantasiado, como se costuma fazer no São João, ao adicionar bigode inexiste, e a remendar calça com retalhos antigos. "