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cover title author isbn 6556664146
isbn13 9786556664149
asin B0CMBKNNGZ
num pages
128
pp
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date pub Jan 01, 1992
date pub edition Nov 06, 2023
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Ler Galeano é um exercÃcio para sempre se recordar o porque somos o que somos, defender o que defendemos e para que tenhamos paciência, mas sobretudo
Ler Galeano é um exercÃcio para sempre se recordar o porque somos o que somos, defender o que defendemos e para que tenhamos paciência, mas sobretudo resiliência de sempre estar do lado oposto ao dos autoritários, dos que desejam solapar a democracia e dos que louvam as ditaduras. Em um copilado de pensamentos, palestras e artigos que datam de 1990, o escritor reflete acerca da condição subalterna da América Latina, do privilégio dos vencedores que tornam sua própria memória como a única e obrigatória, assim como reflete acerca do desmonte do meio ambiente, da pobreza e violência do estado policial e da condição precária destinada aos povos indÃgenas que são tratados pela América Latina como as grandes potências tratam a América Latina, fazendo de si mesmo â€�um caçador de vozes, de verdadeiras vozes que estão por aà â€� e assim â€�ajudar a olharâ€�. Também observa com criticismo as contradições dos donos do poder, no qual “o direito de invasão é um privilégio das grandes potênciasâ€� e que “os Estados Unidos podem exercer impunimente sua função de policiais do mundo. E já se sabe que este paÃs, que nunca foi invadido por ninguém, tem o velho costume de invadir os outrosâ€�. Ademais, embora o Iraque veio a ser castigado por se negar a cumprir uma resolução da ONU, os Estados Unidos e Israel nunca o foram, e o mundo nem por isso declarou guerra à eles. É, portanto, uma obra que enxerga e expõe uma “faculdade de impunidades que nos induz a não gostarmos de nós e não acreditarmos em nósâ€� e sim, neles, que são os guardiões da democracia, embora semeiem guerra, embargo, preconceitos e a isso chamam de progresso. Qualquer capÃtulo desse livro é de uma grandiosidade monumental, maior que qualquer obra completa de ex-astrólogos e pseudo-intelectuais. Que pena não ter mais Eduardo Galeano conosco e que bom que ele não tenha vivido para ver Trump ou Bolsonaro perambular por um local que ele tanto estimava. Tive uma excelente leitura.
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cover title author isbn 0241627893
isbn13 9780241627891
asin 0241627893
num pages
224
pp
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date pub Jul 23, 2024
date pub edition Jul 23, 2024
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A presença de autocratas e suas ideias manipuladas sempre estiveram presentes no mundo, ao contrário do esperado pós Guerra Fria, o mundo mais aberto
A presença de autocratas e suas ideias manipuladas sempre estiveram presentes no mundo, ao contrário do esperado pós Guerra Fria, o mundo mais aberto não significou a democracia e ideias liberais mais disseminadas nos Estados autocráticos e sim, significou a autocracia se expandindo nas democracias. Todavia, ainda que sua presença não fosse estranha, embora anômala, seu modus operandi evoluiu a ponto de apresentar um risco real para todas as democracias do mundo, já que elas não mais buscam eliminar somente as pessoas e sim as ideias que causam o levante, sendo acerca desse novo risco que Anne Applebaum discorre brilhantemente na presente obra. Conscientes de sua não sobrevivência em um mundo sancionado, as autocracias modernas compreenderam que somente em uma associação mútua poderiam não apenas expandir seus domÃnios como fortalece-las em combate aos paÃses democráticos; utilizando de brechas das próprias democracias, em especial no campo econômico, paÃses como China, Belarus, Rússia, Venezuela, Zimbábue e SÃria podem lentamente destruir suas instituições enquanto proclamam para o mundo a sua crença na democracia e no direito internacional de soberania. Reconhecendo que a imagem dos direitos humanos, da liberdade e a linguagem democrática são atraentes para quase todas pessoas, serão então precisamente esses ideais que precisam ser envenenados; ao invés de apenas lavar dinheiro, a manutenção de um regime autoritário precisa também lavar informações, demonizar o inimigo, representa-lo como fraco e ligar a democracia à degeneração e ao caos, só assim, caracterizando a democracia como caótica e a ditadura como estável uma autocracia estaria pronta para negar a realidade, silenciar os crÃticos e, por fim, dizer ao mundo que eles não se importam com suas crÃticas e suas leis de proteção aos direitos humanos. Comumente pragmática, mas também realista, Applebaum desvenda, então, as particularidades das tiranias em uma obra excepcional sobre o tema. Embora seja alarmante o domÃnio e expansão das autocracias pelo mundo, suas armadilhas não podem prosperar se uma ação mútua e democrática se levantar, sendo também esse método um dos pontos centrais da obra, que nos conta sobretudo como os tiranos se tornaram associados econômicos e como enganaram o mundo enquanto o envenenava. Quanto a mim, gosto muito de ler o que Applebaum escreve, por mais que seja sempre inquietante.
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cover title author isbn 6586824885
isbn13 9786586824889
asin B0DNDMMZXX
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130
pp
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date pub unknown
date pub edition Feb 06, 2025
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Com um genocÃdio em curso documentado perante todos sem que haja uma reação mundial efetiva para contê-lo, falar dele, demostrar seus atos e rastro de
Com um genocÃdio em curso documentado perante todos sem que haja uma reação mundial efetiva para contê-lo, falar dele, demostrar seus atos e rastro de destruição é não apenas um modo de sobreviver à ele e de continuidade da vida mas de combate a uma tentativa de “destruição intenção de um povo, de sua história, de seu patrimônio intelectual, cultural e humano.â€� É esse o propósito de Abu Saif nessa coletânea. Um livro escrito por diversos escritores e poetas palestinos que foram escritos em Gaza e não sobre Gaza, acompanhando cada escritor em seu contato com a fome, morte, dor e o desamparo, comuns dos tempos em guerra. Um livro sobre as pessoas e uma guerra que ameaça sua existência como povo, narrando cada qual sua experiência com os dias maus, assim como Abu Saif fez brilhantemente em Quero estar acordado quando morrer: diário do genocÃdio em Gaza . Ademais, Nasser Rabah ao final diz algo pontual: “a guerra matou milhares de nós, mas despertou milhões de pessoas no mundo, que agora gritam por nosso direito à pátria. Demoliu nossos lares, mas abriu para nós os lares do mundo que estavam fechados havia décadasâ€�.
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cover title author isbn 655692363X
isbn13 9786556923635
asin 655692363X
num pages
72
pp
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date pub 2021
date pub edition Nov 07, 2022
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Se o século XXI é um perÃodo completamente inovador e tecnológico, é por outro lado um território extremamente perigoso. A vista disso, das rupturas s
Se o século XXI é um perÃodo completamente inovador e tecnológico, é por outro lado um território extremamente perigoso. A vista disso, das rupturas sociais e catástrofes econômicas, muitos estudiosos tem se debruçado para tentar desvendar a fragilidade das democracias, as ascensões totalitárias e a insatisfação geral contra regimes e formas de governo aparentemente estáveis. O que Labatut propõe aqui é também observar o fenômeno de ruptura, só que não sob uma visão usual e sim sob a metafÃsica, o que faz da abordagem um curioso meio de analisar os perigos atuais. É, portanto, assim, que o escritor chileno desce até a criação da teoria do caos e da volatilidade do tempo, que não mais se agarra ao passado e não tem uma ideia nÃtida do futuro, para descortinar um mundo onde “a chama da razão já não é suficiente para iluminar o complexo labirinto que vai se formando devagar à nossa voltaâ€� , uma vez que certa demência se infiltrou no mundo e tem ganhado cada vez mais força. A Era da paranoia não pode mais ser ignorada, a ausência de lógica é a nova realidade e quem sabe, ao tentar aborda-las pode ser um meio de nos guiar para compreender uma realidade cada vez mais estranha e mortÃfera. Esse é o meu primeiro contato com o escritor e não será a última; ótima leitura.
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cover title author isbn 6560080498
isbn13 9786560080492
asin 6560080498
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340
pp
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date pub edition Jul 01, 2024
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No dia 07 de outubro de 2023, o escritor e ex-ministro da Cultura da Autoridade Nacional Palestina se preparava para o primeiro mergulho do ano no Mar
No dia 07 de outubro de 2023, o escritor e ex-ministro da Cultura da Autoridade Nacional Palestina se preparava para o primeiro mergulho do ano no Mar Mediterrâneo na Faixa de Gaza antes de um compromisso profissional. Nesse meio tempo, de entrar e sair do mar, o inÃcio de um novo genocÃdio ao povo palestino estava em incursão, com uma barbárie não antes vista até para aqueles que vivenciaram a Nakba em 1948 e o conflito de 2014. Nascido na Faixa de Gaza, presente também no conflito de 2014, Abu Saif, meio a tamanho caos se propõe a narrar o dia 1 até o dia 85, quando consegue finalmente sair pela passagem do Egito. Narra, no entanto, para contar aquilo que está sendo omitido, para relembrar os outros daquilo que ele mesmo não quer se lembrar e para deixar para a famÃlia seu último relato caso não sobreviva. Tudo aquilo que foi documentado e demostrado ao mundo pela lente e pela voz dos jornalistas que estavam em campo, todo morticÃnio e todo horror é vivenciado e narrado por Abu Saif. A dor das pessoas, a hipocrisia de Israel em impor uma migração para o sul de Gaza e depois matar aqueles que a fizeram e o desamparo são narrados diariamente em uma busca desoladora por água, pão, remédios, barracas, cobertores e por um local seguro, haja vista que as padarias e os hospitais viraram alvos prioritários do invasor, assim como sedes de organismos internacionais. O silêncio da comunidade internacional, os mÃsseis e seus alvos são mencionados de forna ininterrupta, bem como a centena de mortes de amigos e conhecidos do escritor, que acaba por descortinar aquilo que é sabido pelo povo palestino: “O exército israelense sempre soube qual era a missão: limpeza étnica de toda a Faixa. Quando eles entram em um bairro, não perguntam: “Certo, quem votou no Hamas em 2006?â€�. Os israelenses não estão fazendo a limpeza dos militantes ou simpatizantes do Hamas, mas dos árabesâ€� e que “As ferramentas de morte não são importantes, o que importa é que Gaza morra. Para eles, somos apenas números, e quando você vira um número, não faz diferença se são dez ou dez mil.â€� E assim, compõe uma obra terrÃvel e essencial sobre o mal e o desejo de destruição de um povo.
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cover title author isbn 6586824796
isbn13 9786586824797
asin 6586824796
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176
pp
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date pub 1973
date pub edition Jul 29, 2024
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“O fato de os conquistadores se reproduzirem na terra de outro povo não lhes garante o direito de chama-la de Pátria.â€� Com um tÃtulo autoexplicativo, o
“O fato de os conquistadores se reproduzirem na terra de outro povo não lhes garante o direito de chama-la de Pátria.â€� Com um tÃtulo autoexplicativo, o poeta e escritor palestino Mahmud Darwich utiliza-se da literatura aliada à memória para descrever o sentimento resultante de um povo usurpado que sonha com o retorno à Pátria. Sentimento esse que inicia-se desde a diáspora ocorrida em 1948 até os métodos e narrativas do Outro sob aquilo que tenta se provar digno de merecer, ainda que essa conquista resulte na aniquilação da identidade dos palestinos. Se “a memória judaica é um dos componentes básicos da reivindicação de um direito à Palestinaâ€� , o escritor relembra que eles são “incapazes de admitir que os outros também possuem o sentido da memóriaâ€�. Mais que isso, relata os horrores praticados por Israel, as contradições sionistas e revela uma profunda mágoa quando questiona que “os refugiados dispersos pelo nazismo encontraram uma pátria para si na Palestina, e os refugiados desterrados pelo sionismo, onde vão viver?â€� Há, portanto, um claro viés em oposição ao sionismo e o discurso contraditório de paz que carrega consigo quando o escritor relembra o passado e o discurso do dominador. Eu tive uma boa leitura, meio a enorme tristeza que acomete o povo árabe.
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cover title author isbn 8556522505
isbn13 9788556522504
asin B0D98WJ4XS
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303
pp
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date pub edition Sep 03, 2024
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Ao proclamar o califado, em 2014, o porta-voz do Estado Islâmico, apoiado na radicalização do Islã, faz o convite para “uma punição para o Ocidente, o
Ao proclamar o califado, em 2014, o porta-voz do Estado Islâmico, apoiado na radicalização do Islã, faz o convite para “uma punição para o Ocidente, os americanos e sobretudo os franceses malvados e sujosâ€�, atingindo, assim, à queles que vivenciaram ou viram a viver os constantes ataques das nações ocidentais contra o Iraque e à SÃria, partindo para uma série de atentados em especial contra a França. Emmanuel Carrère nesse contexto se propõe a visitar diariamente por mais de 9 meses o julgamento e portanto, a reconstituição daquilo que foi uma série de ataques em 13 de novembro de 2015 na França, vitimando 131 pessoas e destruindo a vida dos que sobreviveram. Os depoimentos, tanto dos sobreviventes, como dos poucos jihadistas de origem SÃria que sobreviveram à destruição que foram propagar é narrado exaustivamente porém de forma precisa pelo escritor. Lendo todo o livro e não somente a última página, como acusado por um dos réus que deveria ter se explodido, Carrère nos leva pela expedição de se tentar entender o porquê se faz o que faz, em qual discurso ampara a visão de mundo de cada qual e em especial, não se furta de mencionar que “o discurso dos terroristas é que os atentados são uma resposta legÃtima ao terrorismo de Estado praticado pela França no Iraque e depois na SÃria: vocês massacram inocentes do nosso lado, nós viemos massacrar inocentes do lado de vocês.â€� Eu tive uma leitura cansativa e teria preferido não ter conhecimento de um fato aqui descrito. Fora isso, o livro cumpre o propósito pretendido.
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cover title author isbn 6556927058
isbn13 9786556927053
asin B0DCH8JLRH
num pages
107
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date pub Apr 26, 2024
date pub edition Sep 09, 2024
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Simone de Beauvoir, Vivian Gornick e Annie Ernaux são algumas das escritoras que escreveram obras acerca de suas relações com as mães. Parte delas tra
Simone de Beauvoir, Vivian Gornick e Annie Ernaux são algumas das escritoras que escreveram obras acerca de suas relações com as mães. Parte delas trataram das relações ambÃguas que tinha com elas, outras falavam de seus afetos e cuidado, já Édouard, escreve sobre as duas coisas sobrepostas: a mãe que foi no passado e a mãe que é no presente, assim como a metamorfose ao qual ela veio a passar quando não mais estava sendo ferida e em contrapartida feria o outro. Já tendo nos contado em Lutas e metamorfoses de uma mulher como a mãe era e qual sentimento tinha dela na infância, o escritor narra dessa vez uma mãe diversa, mas ainda assim, em mais uma fuga contra a opressão, que condena aquele que não tem liberdade financeira a uma sucessão de humilhações e impossibilidades de fuga. Desvendando, portanto, uma outra face de uma mulher que finalmente aos 55 anos vive para si e não para o marido ou filhos, que se delicia com pequenos elogios e fica sem palavras quando as recebe, que se vê como mulher e não apenas como mãe, que não mais é alvo das piores ofensas e que acaba por se desvendar também ao filho. Meio a fuga, a mudança e a aproximação dos dois, o escritor reflete acerca da condição de opressão das mulheres e acaba por também compreender quem a mãe era, o que lhe foi imposto e restringido, para por fim, compreender o que muitas vezes não se vê e não se perdoa na infância. Escreve, de tal modo uma obra belÃssima e empática sobre ela e para ela, refletindo em cada episódio pequenos atos de amor que fazem da obra uma leitura muito cativante e bonita. Eu gostei imensamente, é a minha leitura preferida até então do escritor, de modo que fiquei feliz ao ler sobre a felicidade de Monique e espero que haja ainda muitos aplausos destinados à ela.
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cover title author isbn 8535938028
isbn13 9788535938029
asin B0CW1H1R1H
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date pub edition Mar 18, 2024
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Em 31 de março e 01 de abril de 1964 eclodiu no Brasil, via Minas Gerais o inÃcio da desordem institucional que acabaria por abrir a porta para as For
Em 31 de março e 01 de abril de 1964 eclodiu no Brasil, via Minas Gerais o inÃcio da desordem institucional que acabaria por abrir a porta para as Forças Armadas adentrarem definitivamente na cena polÃtica a fim de demolir a democracia e instaurar o golpe, que mascarado de ato patriótico, perseguiu, torturou e assassinou não só parte da população, mas como a própria democracia brasileira. Embora seja lembrada primordialmente pelo ano de 1964, o golpe foi gestado desde a posse de João Goulart em 1961, contemplando-se de uma situação de polarização ideológica, radicalização social, com largo apoio de quase toda imprensa nacional, por parte relevante da caserna e de um ator internacional fundamental que financiou o golpe mediante intervenção polÃtica, econômica e social no paÃs. Narrando, pois, todas as etapas da implantação da ditadura militar, a escritora compõe o retrato do golpe, as motivações pessoais e institucionais de seu êxito; com programas voltados a impedir o alastramento de ideias comunistas na América Latina, os Estados Unidos adotou diversas linhas estratégicas para desestabilizar o governo de Goulart, desde a confecção de um “Ãndice ideológicoâ€�, no qual classificaria todos governadores e seus viés polÃticos, para munir aqueles alinhados aos EUA de recursos e financiamento a fim de “pressionar, enfraquecer ou restringir as alternativas polÃticas da administração de João Goulartâ€�, até a patrocinar nas eleições de outubro de 1962 uma “bancada oposicionista ativista o bastante para erguer no Congresso a barreira para frear e conter as iniciativas do governo federalâ€� aliada ao uso da comunicação e do cinema destinado a grupos especÃficos para inflamar entre eles as ideias antidemocráticas. Não obstante, o envio de munição, de treinamento, de mantimentos e do posicionamento de parte relevante da esquadra naval dos EUA próximo ao Porto de Santos e de Vitória foram apenas alguns dos passos dados a fim da ruptura institucional, em conluio com diversos generais e capitães abertamente golpistas, acabaram por desembocar em um perÃodo de repressão e ilegalidade. Sendo, portanto, uma obra de reconstituição dos fatos, de como se tramou e executou o golpe no Brasil, em uma excelente obra que nos lembra a necessidade de se estar vigilante, pois o fascismo está sempre à espreita, como o ano eleitoral de 2018 nos demostrou, com a eleição de um apoiador da ditadura de 64 e abertamente golpista.
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isbn13 9788501095855
asin B00A3D956E
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263
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date pub edition Mar 31, 2011
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Antes de tudo, cumpre dizer que a obra é muito, muito boa, já que perpassa por diversas temáticas relevantes e incompreensiveis acerca da religião isl
Antes de tudo, cumpre dizer que a obra é muito, muito boa, já que perpassa por diversas temáticas relevantes e incompreensiveis acerca da religião islâmica, sendo, sem dúvida este um dos fatores para tamanho ataque à religião: sua incompreensão. Nesse sentido, a obra trata-se de um copilado de temas que foram produzidos por diferentes autores, cada um, abordando as principais e notórias questões que envolvem a religião, estando, dentre muitos, a questão do Jihãd; a unidade do Islã; a compreensão de Deus para a religião; o elemento feminino na mÃstica sufi; a ideia de esperança no Islã; a profecia e a poesia islâmica. Alvo de desconhecimento por parte do mundo ocidental, o Islã por vezes é associado as práticas brutais e extremistas, no entanto, o islamismo é um dos maiores pilares de religiosidade que imperou e impera no mundo em conjunto ao judaÃsmo e cristianismo, comportando massiva quantidade de seguidores. Por mais que se pense, mediante ignorância, que há um distanciamento extraordinário daqueles que seguem os ensinamentos de Muhammad e daqueles que seguem os ensinamentos de Jesus, o islamismo possui pontos em comum com esta religião, a exemplo, a máxima da crença em um só Deus criador é um dos traços que unem o cristianismo ao Islã, bem como a ideia de Deus misericordioso. Ademais, o próprio Alcorão possui diversas passagens que encoraja o reconhecimento de que tantos cristãos, como judeus, se praticarem os bons atos, não serão deixados de fora do ParaÃso, isso porque, para o dogma islâmico, assim como Muhammad (Maomé) foi o profeta escolhido para disseminar a religião islâmica, diversos outros profetas também foram enviados para diversos locais do mundo para também preparar o povo, como Jesus, no caso do cristianismo. Todavia, como há uma variedade de correntes e escolas que interpretam o Alcorão, por vezes, os muçulmanos são desencorajados a se firmarem e reconhecerem tais passagens. Mais que distinguir ou aproximar a religião islâmica do cristianismo, a obra aborda temas espinhosos, de tal forma que a compreensão de Deus e Iblis (o anjo que veio a ser mandado à terra) são severamente abordadas sob o viés do Alcorão, pois, se nada é feito sem a anuência de Deus, Iblis e suas práticas fazem parte do plano de Deus desde o princÃpio, sem ele, a ideia de luz e trevas não existiria, não existiria também a ideia de um Deus misericordioso, se este fosse apenas bondoso. É, assim, sob uma ótica de estudo do Alcorão que a obra nos apresenta, havendo diversas passagens e explicações do livro, além da poesia islâmica e das escolas de interpretação do Alcorão, sendo uma obra rÃquissima que traz um pouco de luz a uma religião tão interessante como qualquer outra. Merged review: Antes de tudo, cumpre dizer que a obra é muito, muito boa, já que perpassa por diversas temáticas relevantes e incompreensiveis acerca da religião islâmica, sendo, sem dúvida este um dos fatores para tamanho ataque à religião: sua incompreensão. Nesse sentido, a obra trata-se de um copilado de temas que foram produzidos por diferentes autores, cada um, abordando as principais e notórias questões que envolvem a religião, estando, dentre muitos, a questão do Jihãd; a unidade do Islã; a compreensão de Deus para a religião; o elemento feminino na mÃstica sufi; a ideia de esperança no Islã; a profecia e a poesia islâmica. Alvo de desconhecimento por parte do mundo ocidental, o Islã por vezes é associado as práticas brutais e extremistas, no entanto, o islamismo é um dos maiores pilares de religiosidade que imperou e impera no mundo em conjunto ao judaÃsmo e cristianismo, comportando massiva quantidade de seguidores. Por mais que se pense, mediante ignorância, que há um distanciamento extraordinário daqueles que seguem os ensinamentos de Muhammad e daqueles que seguem os ensinamentos de Jesus, o islamismo possui pontos em comum com esta religião, a exemplo, a máxima da crença em um só Deus criador é um dos traços que unem o cristianismo ao Islã, bem como a ideia de Deus misericordioso. Ademais, o próprio Alcorão possui diversas passagens que encoraja o reconhecimento de que tantos cristãos, como judeus, se praticarem os bons atos, não serão deixados de fora do ParaÃso, isso porque, para o dogma islâmico, assim como Muhammad (Maomé) foi o profeta escolhido para disseminar a religião islâmica, diversos outros profetas também foram enviados para diversos locais do mundo para também preparar o povo, como Jesus, no caso do cristianismo. Todavia, como há uma variedade de correntes e escolas que interpretam o Alcorão, por vezes, os muçulmanos são desencorajados a se firmarem e reconhecerem tais passagens. Mais que distinguir ou aproximar a religião islâmica do cristianismo, a obra aborda temas espinhosos, de tal forma que a compreensão de Deus e Iblis (o anjo que veio a ser mandado à terra) são severamente abordadas sob o viés do Alcorão, pois, se nada é feito sem a anuência de Deus, Iblis e suas práticas fazem parte do plano de Deus desde o princÃpio, sem ele, a ideia de luz e trevas não existiria, não existiria também a ideia de um Deus misericordioso, se este fosse apenas bondoso. É, assim, sob uma ótica de estudo do Alcorão que a obra nos apresenta, havendo diversas passagens e explicações do livro, além da poesia islâmica e das escolas de interpretação do Alcorão, sendo uma obra rÃquissima que traz um pouco de luz a uma religião tão interessante como qualquer outra.
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isbn13 9780751547733
asin 0751547735
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date pub edition 2012
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Provavelmente é difÃcil encontrar alguém que goste de tennis e não goste de Rafa, ou ao menos de seu estilo de jogo. Com um estilo de jogo agressivo,
Provavelmente é difÃcil encontrar alguém que goste de tennis e não goste de Rafa, ou ao menos de seu estilo de jogo. Com um estilo de jogo agressivo, com um forehand pesado com bastante topspin, com um jogo completo no geral, Rafa é sem dúvida um dos maiores tenistas, junto a Agassi, Sampras, Federer, Djokovic, Borg, Laver e outros mais.
â€� Contando ele mesmo sua história em dois atos especiais, isto é, a final de Wimbledon de 2008 contra Federer e a final do Us Open 2010 contra Djokovic, o tenista narra não somente ambos os jogos sob sua perspectiva e controle, como também conta ao leitor a sua formação no tennis, desde o inÃcio quando criança apaixonado por futebol e pelo Real Madrid até o momento que viria a se consagrar ao seleto grupo que completaria o Career Grand Slam, e claro, ter se tornado o rei do saibro, embora após a data do lançamento do livro, ele tenha conquistado mais 12 Grand Slam na carreira, 8 deles em Roland Garros.
â€� Mais do que isso, mais do que as lesões e as dificuldades que encontrou, é narrada em duas vozes, tanto a de Rafa como a de Carlin acerca da mentalidade de Rafa, da importância da famÃlia em sua formação, dos conflitos com o tio e treinador Toni, até suas relações com a mÃdia e com Maiorca, e o seu modo de tratar os outros, de modo a refletir tanto ele como tenista, como um homem comum. Para quem gosta de tennis, ou de Nadal, a leitura desse livro é fundamental, por mais que já saibamos muito dele dentro ou fora de quadra. Eu tive uma ótima leitura.
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isbn13 9786560000124
asin 6560000125
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64
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date pub Jan 14, 1988
date pub edition Jan 01, 1900
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As memórias e o cotidiano são os temas centrais da narrativa de Ernaux, uma vez que por meio deles ela pode trazer para o presente temas passados que
As memórias e o cotidiano são os temas centrais da narrativa de Ernaux, uma vez que por meio deles ela pode trazer para o presente temas passados que ainda não enfrentou, ou mesmo para trazer à vida aqueles que não mais figuram em seu dia a dia. Seguindo, então, essa segunda premissa, Ernaux faz como Chimamanda em Notas sobre o luto e Simone em Uma morte muito suave (Coleção Clássicos de Ouro) , onde as duas escritoras compartilham e eternizam seus pais e suas partidas por meio da literatura; observando seus últimos dias e convÃvio com saudosismo, revivendo quem foram, quais conflitos tiveram e seus sentimentos quanto à perda. Nesse mesmo segmento, a escritora traz a tona a imagem de uma mãe que sempre lutou para não ser considerada menor, que acreditava ser por meio da educação que a famÃlia poderia ter outro status. Uma mãe que se tem conflito e que não quer ser deixada sozinha passa a ser analisada pela filha sobretudo como uma mulher; pelo seu passado, pelas suas escolhas, por seus desejos e pelo vazio que deixou. Assim, tornando real sua partida por meio da escrita, Ernaux expõe a todos a estranheza de lidar com um mundo que não para, que não muda e não se sente afetado quando alguém tão importante e que sempre esteve ali se foi. Desde a escolha dos preparativos fúnebres até o último contato, a escritora analisa a efemeridade do cotidiano em meio a dor e irrealidade da partida de alguém que ela nunca viveu sem, em uma obra que é triste, sensÃvel e repleta de compaixão. Tive uma ótima leitura, uma das minhas leituras preferidas da escritora.
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isbn13 9788535930740
asin 8535930744
num pages
392
pp
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num ratings 414,971
date pub Apr 18, 2017
date pub edition Mar 23, 2018
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Após uma migração forçada do Kansas, Arkansas e Missouri para uma terra distante daquela habitada por seus ancestrais, os Ãndios da tribo Osage são po
Após uma migração forçada do Kansas, Arkansas e Missouri para uma terra distante daquela habitada por seus ancestrais, os Ãndios da tribo Osage são postos pelo governo dos EUA em um vasta planÃcie coberta de capim no Estado de Oklahoma, um local ermo que em nada se assemelhava com aquilo outrora vivenciado. No entanto, após afastar os Ãndios para um território à parte, a surpresa surge como uma mancha espessa e negra que sai debaixo da terra e acaba por tornar a tribo o maior conglomerado de pessoas milionárias per capita do mundo. Com uma extensa reserva de petróleo em suas terras, os Osages constroem mansões, educam seus filhos na Europa, compram diversos carros, tudo isso, aos olhos dos brancos que se sentem tolhidos e subalternos a uma raça que acreditam com convicção serem inferiores a sua. Iniciada, portanto, uma grande migração de todo tipo para a terra Osage, desde comerciantes à criminosos e toda sorte de pessoas dispostas a matar, enganar e morrer por aquelas reservas, esse é o ponto chave para o inÃcio do mal que David Grann se propõe a nos contar. Com o surgimento inesperado de diversas mortes e assassinatos brutais dos indÃgenas detentores dos lotes e das heranças vultuosas, algo mais escuro que o petróleo começa a rondar a aldeia. Embora ignorada incialmente pelo departamento de justiça do paÃs, com o crescente número de mortes chamando a atenção pública, uma grande força tarefa é criada para desvendar e elucidar a situação; o que viria a ser mais tarde o FBI, é antes de tudo uma organização que nem de longe lembra o seu passado, composta dos Rangers Texanos, os métodos de investigação pacatos eram aliados à corrupção em uma investigação que não tinha meio e nem fim, até o momento que uma figura central adentra, chega à aldeia e começa a revelar a podridão presente ali.â€� É, assim, que David Grann nos conta uma parte da história dos EUA meio a intenso racismo e preconceito contra a população indÃgena e o conluio de diversos setores sociais para isso, culminando em uma narrativa e fatos que só lemos em excelentes matérias jornalÃsticas de poucos meios de prestÃgio. Eu tive uma excelente leitura.
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cover title author isbn 6559211541
isbn13 9786559211548
asin 6559211541
num pages
128
pp
avg rating 4.51
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date pub Dec 02, 2022
date pub edition Dec 02, 2022
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Este é um livro acerca de para onde estamos indo, como estamos indo e o que estamos destruindo para chegarmos ao nosso destino. Copilado de alguns text
Este é um livro acerca de para onde estamos indo, como estamos indo e o que estamos destruindo para chegarmos ao nosso destino. Copilado de alguns textos acerca do pensamento de Krenak acerca dos mais variados temas, desde as tragédias ambientais recentes, à radicalização do pensamento, ao impacto da colonização e seu reflexo na sociedade atual até o desmonte realizado no Brasil nos últimos anos (seja em direitos difusos, coletivos ou individuais), o escritor escreve sobretudo sobre o futuro, ou melhor: sobre a necessidade de construir um futuro de modo sustentável à todos. Com exaltação da terra como elo fundamental entre o homem e o espaço, o escritor nos conta no tocante a tudo o que foi perdido, de tudo que precisa ser reconstruÃdo e o que ocorrerá caso o homem não consiga compreender a natureza como um ambiente que tem direitos, como a Constituição do Equador de 2008 tão bem o fez ao reconhecer o direito de existência e manutenção da Pachamama. Sendo, assim, uma obra para nos lembrar de quem somos, o que significamos e que o direito à um ambiente ecologicamente sustentável não termina em nós. Tive, portanto, uma boa leitura.
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cover title author isbn 0792242084
isbn13 9780792242086
asin 0792242084
num pages
160
pp
avg rating 3.86
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date pub 2002
date pub edition Oct 04, 2005
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Partindo com um grupo de botânicos e cientistas amadores curiosos acerca dos mistérios e variedades que há no reino habitado pelas samambaias, o neuro
Partindo com um grupo de botânicos e cientistas amadores curiosos acerca dos mistérios e variedades que há no reino habitado pelas samambaias, o neurocirurgião Oliver Sacks segue para o estado de Oaxaca, no México, para vivenciar durante dez dias uma experiência que vai muito além daquelas inicialmente previstas. Contando em seu diário todo o encontro com as dezenas de variedades da espécie de seu interesse e de seus colegas, Sacks expõe desde a curiosidade de pesquisadores amadores e seus impactos à pesquisa cientÃfica, ao comportamento de cada qual frente o que vão encontrando no caminho. Se há aqui um apaixonado por aves e delas observar, Sacks é por outro lado, sobretudo, apaixonado pela experiência humana e é através dela que o leitor é levado a séculos passados de encontro aos Zapotecas, Astecas, Maias e os aspectos ligados à sua aniquilação. Mais que isso, o contato com uma cultura distinta, com a fabricação de uma manta, com a fermentação de um tipo lÃquido e outras mais situações compõem um retrato de um novo mundo e uma nova experiência que está sempre muito próxima e muito distante daquele que não tem a curiosidade para desvenda-la. Sacks o tem e é por meio de sua curiosidade e experiência, que o leitor pode conhecer um pouco mais de um mundo fascinante que nos cerca. Eu tive uma ótima leitura.
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cover title author isbn 6584568296
isbn13 9786584568051
asin B0C2DMRDDC
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64
pp
avg rating 3.92
num ratings 43,659
date pub 1991
date pub edition Apr 2023
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Se as memórias e as reconciliações que advém delas são o motor que impulsiona Ernaux à escrita, bem como seu desejo de fazer da literatura sua arma pa
Se as memórias e as reconciliações que advém delas são o motor que impulsiona Ernaux à escrita, bem como seu desejo de fazer da literatura sua arma para com o passado, aqui, uma vez mais, a escritora narra acerca daquilo que um dia foi importante à ela, tornando de uma situação banal � o ato corriqueiro de se apaixonar � em uma jornada acerca de quem se é quando a oportunidade de se metamorfosear aparece. Embora não tenha escrito a obra para o amante ou para si mesma, como ela afirma, trata-se de uma mistura de ensaio, memória e ficção que lança à escritora descobertas que somente agora, revisitando o passado, consegue vislumbrar. Dessa maneira, o leitor é levado a acompanhar o processo de amor que envolve a escritora, já divorciada e mãe, com um homem casado e jovem. Deixando, quase completamente sua vida em suspenso em prol de uma mensagem, de uma ligação, de uma carta ou de um encontro, é bem fácil encontrar um paralelo para com a constante obrigação de se diminuir em favor do outro, em se abandonar para acolher, em se destruir para construir o outro, todavia, conquanto isso seja verdade na maioria dos casos, para Ernaux a completa aniquilação de si pelo parceiro foi uma forma voluntariosa de se doar completamente às sensações; não há, portanto, espaço para arrependimento, tudo o que vivenciou, tudo o que abandonou, todo o tempo despendido foi gasto consigo mesma e talvez seja sempre essa a máxima mais encantadora de ler Ernaux: sua franqueza em escancarar sua vida imperfeita. Ao final, como sempre é, há boas descobertas aqui para o leitor. Ler Ernaux é como montar um quebra-cabeça, e se ela descobriu "do que podemos ser capazes, ou seja, de tudo: desejos sublimes ou mortais, falta de dignidade, crendices e condutas que eu julgava insensatas nos outros uma vez que eu própria não as havia experimento" nós também vamos descobrindo um pouco mais do que somos ou podemos ser. Tive uma boa leitura.
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cover title author isbn 0553569074
isbn13 9780553569070
asin 0553569074
num pages
140
pp
avg rating 4.30
num ratings 10,673
date pub Sep 21, 1993
date pub edition Oct 01, 1994
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Se, como diz Angelou "a vida é apenas aventuras e, quanto mais cedo nos dermos conta disso, mais depressa vamos poder considerá-la uma arte" e que "a
Se, como diz Angelou "a vida é apenas aventuras e, quanto mais cedo nos dermos conta disso, mais depressa vamos poder considerá-la uma arte" e que "a arte de viver a vida exige uma capacidade de perdoar" , o copilado de textos aqui postos são de enorme valia acerca daquilo que deverÃamos nos munir para sermos guiados a ser melhores conosco e consequentemente com o outro. Em passagens acerca das condições de mulher, religiosidade, racismo, nossas vestimentas e quais seus impactos sobre o outro, assim como a necessidade de estar vigilante quanto à s formas que permitimos que se dirijam a nós, Angelou faz como em Letter to My Daughter e guia o seu leitor à abdicar da mesquinhez em prol da abertura para si e para o outro em uma obra belÃssima e tão essencial como foi e é a escritora. Eu tive uma excelente leitura.
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cover title author isbn 8537818003
isbn13 9788537818008
asin 8537818003
num pages
272
pp
avg rating 4.16
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date pub Jan 16, 2018
date pub edition Sep 20, 2018
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Se o populismo é um dos caminhos para se tentar extinguir uma democracia, voltar nossa atenção à instituição democrática quando lÃderes populistas eme
Se o populismo é um dos caminhos para se tentar extinguir uma democracia, voltar nossa atenção à instituição democrática quando lÃderes populistas emergem com propostas antiestablishment e claramente ilusórias com finalidades autoritárias de minguá-la, é, sem dúvida um ótimo meio para se compreender, prevenir e quem sabe evitar que eles ascendam ao poder e fragilize uma vez mais as democracias do mundo. Com a proposta de identificar e combater o autocrata e o tirano, talvez não nos baste mais ler apenas o estudioso polÃtico Norberto Bobbio e sim, compreender os meios práticos e atuais das 'tomadas legais de poder', uma vez que Trump, Órban, Bolsonaro, Ortega e Chavez foram eleitos em primeiro momento dentro das regras constitucionais. De tal maneira, Levitsky e Ziblatt fazem da obra não exatamente um manual de como as democracias morrem no geral, uma vez que seu foco, de modo compreensÃvel engloba sobretudo a ascensão de Trump em um conjunto de situações, ações e omissões que pavimentaram seu caminho até ali, iniciado muito antes, em 1970 e sim, traçam o caminho de diversos lÃderes do passado a fim de explicitar como o enfraquecimento gradual da democracia vem de maneira por vezes mascarada. Aliada a vasta pesquisa histórica, os professores analisam governos que tiveram e ainda tem sob seu escopo a finalidade de minguar a democracia, desde a Turquia, Hungria, Venezuela, Rússia, Chile, Equador e tantos outros que são os predecessores dos Bolsonaros de ontem e dos Trumps de amanhã. Propondo a atenção vigilante da democracia, com estrita observação à s tolerâncias mútuas e à s reservas institucionais como grades de proteção da democracia, há freios e contrapesos a se utilizar para a manutenção da regra democrática, restando a questão de se os atores que podem fazê-la vão se juntar ao antidemocrático, ou partilharão do senso comum de apoio ao espÃrito das leis. Algumas respostas já tivemos e quase nunca elas foram em prol da democracia, todavia os ataques à s democracias perduram e continuamente voltar nossa atenção a ela é um dos caminhos de sua preservação. Tive uma boa leitura.
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isbn13 9786584568679
asin B0CDZF3SLP
num pages
64
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num ratings 5,459
date pub Mar 03, 2011
date pub edition Aug 24, 2023
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Ao ser convidada a participar de um projeto literário no qual deveria escrever uma carta que nunca tenha sido escrita, Ernaux toma de empréstimo suas
Ao ser convidada a participar de um projeto literário no qual deveria escrever uma carta que nunca tenha sido escrita, Ernaux toma de empréstimo suas memórias e sensações para destrinchar um evento traumático que ocorreu quando ainda era criança ao saber da existência anterior de uma irmã que veio a falecer quatro anos antes de seu nascimento. A partir do momento que descobre acerca da irmã, ao ouvir acidentalmente um diálogo entre a mãe e uma amiga, a escritora desde a infância passa a viver com um sentimento que ora é de orgulho ora de culpa por ter sido a escolhida para viver, convivendo, assim, durante toda vida adulta e velhice com o espectro de um assunto que não deveria ser abordado. Ao final, embora a escritora diga que "tenho a impressão de não ter lÃngua para falar de você, para te nomear, impressão de só saber falar de você no modo negação, do contÃnuo não ser" e que a irmã está fora da linguagem, que é precisamente a antilinguagem, assim como "é uma forma vazia impossÃvel de ser preenchida com a escrita" a escritora faz, uma vez mais, assim como em O lugar , a linguagem como arma para enfrentar o passado e assim se reconciliar com ele. Se há sempre um tempo determinado para enfrentar todas as coisas, Ernaux aparentemente encontrou o seu e por sorte nos permitiu acompanha-la. Como usual, é sempre bom lê-la.
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cover title author isbn 6556924296
isbn13 9786556924298
asin B0C2FVWT6B
num pages
161
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date pub May 19, 2015
date pub edition May 08, 2023
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Sequência de Afetos Ferozes , embora mais independente e menos focado nos conflitos entre mãe e filha, Uma mulher singular é grande passeio pelas ruas
Sequência de Afetos Ferozes , embora mais independente e menos focado nos conflitos entre mãe e filha, Uma mulher singular é grande passeio pelas ruas de New York com relatos e reflexões de Gornick acerca da solidão, do amor, das amizades e das novas estruturas que esses sentimentos tem ganhado com o passar do tempo. Quase como uma colagem, onde a escritora encontra e conta diversas cenas do cotidiano, com encontros com estranhos, com amigos e com pessoas que não vê a muito tempo, e que embora sejam relatos intrinsicamente sobre si, é comum que o leitor compreenda perfeitamente o que ela está tentando nos dizer, uma vez que embora franca e pessoal, o relato de Gornick é também um relato de muitas mulheres, de seus fracassos, anseios e dores num tempo que passou e ainda está passando. Ao final, o que mais sobressai aqui é a questão identitária e o papel da amizade na vida da escritora, permeado, entretanto, de Dickens e Henry James, Gornick volta seus olhos para o passado, todavia sem saudosismo ou arrependimento, se perdoando e perdoando o outro pelo que já foi e não pode ser mais. Quanto a mim, gostei mais de Afetos Ferozes , que foi, no entanto, um livro que eu não gostei tanto assim.
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